domingo, 2 de maio de 2010

Desenhar por desenhar - Meus cadernos de desenho (parte 1)

DESENHAR POR DESENHAR.

Período de 1995 a 2010


Esta seleção faz parte de muitos cadernos de desenho que venho fazendo ao longo dos anos. Imagens jamais publicadas e que agora, utilizando os meios planetários da Internet, as revelo para o grande público. O hábito de usar estes cadernos remonta ao meu tempo de estudante, tanto no Brasil, no caso Escola de Belas Artes, como no exterior.


Estes “moleskines” me acompanharam durante os 6 anos em que estudei na Hungria, em Budapeste.


Tenho sempre em minha bolsa, ou pasta, um bloco onde anoto e desenho o que no momento me ocorre. Verdadeiros diários em forma de imagens, cartas visuais endereçadas a mim mesmo. Uma espécie de inventário visual, esfinges gráficas, com a função única de expressar a parte de um todo. Todo que não sei qual seja ou será.


Jamais tive a intenção de que estes desenhos estivessem inseridos em uma objetividade, coerência ou em qualquer projeto. Cada página é uma página, cada desenho é só um desenho. Só e coletivo, corpo e sombra ao mesmo tempo.

O que sempre quis é que eles expressassem unicamente o prazer de desenhar, algo compulsivo em minha vida. Enfim, o desenho pelo desenho.


Muitos dos livros que ilustrei, o estilo que utilizei já aparecia, muitos anos antes, nestes blocos. Fiz um retrato de meu filho Diego quando menino, muitos e muitos anos antes de ele nascer... Acredito que o desenho se origina antes do desenho. Nenhum misticismo nisso. Na verdade, desenhamos a expectativa do ver, ou seja, muito antes de criar uma imagem, esta imagem já existia.

Vemos aquilo que sonhamos e queremos ver, pouco importa o que estamos vendo.

Portanto, apesar de ter afirmado há pouco que estes “moleskines” não tinham nenhuma função além do prazer de desenhar, em contrapartida a isto, a realidade nos mostra uma outra face, uma outra constatação.


Acredito que para exercer com plenitude a criação de uma imagem objetiva, seja para um cartaz, para uma ilustração, ou mesmo no projeto de uma marca, acho importante que este artista conviva de forma diária, com a imagem subjetiva. A explicação se origina de sua ausência. Ou seja, os cadernos de desenho são o relicário da não explicação. A terra fértil para a objetividade. A astronomia surgiu da astrologia, a química da alquimia.


Tudo o que vou fazer em termos de imagem eu já fiz, ou estou rabiscando em meus “moleskines”.


Rui de Oliveira - Maio de 2010















5 comentários:

  1. Relicário da não explicação: bela imagem para imagens ainda mais belas. Parabéns!

    Será um prazer se visitar meu blog >> http://novoaemfolha.com

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  2. Rui, belas palavras, licada detalhe do Blog, parabéns pelo profissional e pessoa que você é, não te conheço pessoalmente, mas ja virou uma inspiração apra os meus trabalhos, abç

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  3. Ufa! Finalmente o blog do jardineiro dos Jardins Boboli! Obrigado,Rui!
    Grande abraço!
    Laz

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  4. Muito bom ler e ter o senhor por aqui. Segui o conselho ou se preferir a dica que surgiu lá no Ilustragrupo e fiquei muito alegre com o que li aqui.
    Tenho 31 anos e sou um funcionário publico infeliz com minha função atual nesse planeta.
    Penso em prestar vestibular para UFRJ para Artes Plásticas com vista a gravura e pintura. Como eu estava sem desenhar há anos, tudo está barra-pesada para mim agora.
    Gostaria que se possível, o senhor desse dicas para quem deseja cursar tal curso superior em um de seus futuros posts. O que é necessário para passar na prova de aptidão por exemplo. Quais exercícios fazer para se preparar.
    Obrigado pela atenção e desculpe pela confissão. Abraços.

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  5. Olá, Rui, sua obra é linda e cheia de mistério. Como já te escrevi uma vez, seu livro "Pelos Jardins Boboli" é obrigatório não só pra quem estuda, mas para quem trabalha com Comunicação Visual. Aliás achei fascinante a sua definição para "Verônica" na Via Crúcis
    abs
    Marcelo

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